27 de fevereiro de 2009

ANIVERSARIANTE DO MÊS

Desenho de Henfil

Arrancaram-me
o ramo de oliveira,
razão de meu vôo...
Quiseram impingir-me
outro ramo de pseudo-paz.
Já descobri,
em meio ao dilúvio
de ódio e de guerra
em maré crescente,
minorias que cultivam
oliveiras de verdade,
símbolos fiéis
da paz verdadeira... (Dom Helder Câmara)

Dom Helder nasceu em Fortaleza no dia 07 de fevereiro de 1909 e morreu em Recife em agosto de 1999. Quando arcebispo de Recife e Olinda, em 1980, recebeu João Paulo II. Segundo o protocolo, era permitido às autoridades e aos cardeais somente beijar a mão papal. Me lembro de assistir ao encontro dos dois no viaduto, onde seria celebrada a missa. João Paulo abraçou Dom helder e o chamou em público de "irmão dos pobres e meu irmão". Só esse fato já valeria por uma vida. (mais do miolo)

FRASE

" En este mundo, señor, no hay verdade ni mentira: pues todo tiene el color del cristal con que si mira"
(Ramón de Campomar)

DESENHO


Mulher fatal de Frank Miller ( Sin City). E ponha fatal nisso!

26 de fevereiro de 2009

ATÉ 2010

FOTO OBTIDA NA INTERNET

19 de fevereiro de 2009

HOJE É QUINTA


FALTAM DOIS DIAS


O Miolo de Pote publica poesia da autora e intérprete da música vencedora do I Festival de Marchinhas Lauro Maia, Dona Ivete Barros.

CONFETE

Oh, confete, enquanto você se ia,
levado pelas águas das chuva
que caía sobre o asfalto,
com você ia também minha saudade,
saudade de uma foliã
que via a chuva lavar toda a avenida,
levando as gotas de suor
daqueles que explodiam de alegria.
suor que caía de suas faces,
suor de corpos agitados
pela euforia do carnaval.

Oh, confete se você soubesse
como senti saudade de ti!
quando te vi descendo pela coxia,
enroscado com as serpentinas,
parecia dizer-me: não me deixe ir!
eu quero vê-los brincando até o fim!
eu quero ficar com vocês até quarta-feira!
quero vê aqueles foliões que, cansados,
adormecem pelas ruas, enfadados de sambar,
cansado das bebidas.

Eu quero ver aqueles casais
se despedirem do seu amor de carnaval,
dizendo: até o próximo ano.
Oh, confete! se você falasse, sei que teria
me pedido pra ficar,
embora que eu não pudesse
fazer por você.
Porque com você também
iam as gotas de lágrimas dos namorados!
Iam também com você aqueles lindos paêtes
que cairam das fantasias.
Olha, confete, ia com você a alegria de ter
participado da festa.
Sabe, confete,você foi um convidado
muito especial,
pena que caiu como chuva
sobre os foliões e foi carregado
pela chuva que caía do céu.


Maria Ivete da Silva Barros
Cantora, compositora e poetisa, moradora do bairro Pirambu.
Foto modificada a partir de original do site:http://www.bairroellery.com.br/

MARICA - UM PAPEL AMOROSO


Durante a vida assumimos muitos papéis e personagens. Algumas horas somos pais, outras vezes, somos filhos. Somos profissionais, alunos, professores, patrões, empregados, atletas, bêbados, somos alegres, somos tristes.
A coisa de dois anos, você foi obrigada a desempenhar papéis que não desejava, nem nos seus piores pesadelos. Para esses papéis, deixo os estudos e conclusões para os médicos, os “doctors”.
Vou ficar ruminando com meus botões outros papéis que desempenhaste e que me trazem alento ao coração.
O papel de namorada do Chico, quando morava ainda na Tia Albertina, de namorada do Amadeu, já morando com a gente. Elegante e produzida toda vez que saia de nossa casa, mesmo que fosse só para dormir na casa da Alice Preta.
Suas idas aos forrós e sambas no “Vila União”, no “Dallas”, onde sua preferência era para “rapazes” abaixo de quarenta anos.
Nossas conversas na varanda da Felino Barroso. Eu, no papel de aprendiz da vida e você, professora.
Teu papel mais comentado: criadora de pratos inesquecíveis. Galinha guisada, "porquinho", empadão de carne moída, rosbife, bolo de macarrão, fritada de bacalhau, salada de feijão com sardinha, teu feijão com arroz e farofa. Tudo eu devorava com a boca e o coração.
Tanta coisa boa para lembrar...
Tu dizias que não gostava de cozinhar. Como explicar, então, esses presentes que nos dava diariamente e que só poderiam ser feitos com tanto amor?
Se não foi por amor à culinária, foi por amor a nós.
Este é teu legado. Teu melhor papel. De amor. À vida e aos teus.

17 de fevereiro de 2009

FALTAM QUATRO DIAS


Já tirei a fantasia do armário. Na mala ainda vão o confete, a serpentina, o colar havaiano, o boné de marinheiro e o rodouro, pra sair no corso ao som de Viva o Zé Pereira, viva o Zé pereira...
Na espera da melhor festa do mundo, mando aí um poema do poeta cearense Antônio Filgueiras Lima.

CARNAVAL DO INFINITO

A tarde era de inverno...
Contudo passava, triunfalmente,
lá na avenida roxa de crepúsculo,
o áureo carro alegórico do Sol!
Nuvens vestidas em negros dominós
caminhavam como bêbedos, sonhando...
Rufava, ao longe, o tambor forte dos trovões,
sacudindo o coração da natureza.
Tremebrilhavam pelos paços do Infinito
as lâmpadas inquietas dos relâmpagos...
As serpentinas policrômicas do arco-íris
enroscavam-se aos corpos trêmulos das nuvens.

Daí a pouco,
como de imensos palácios invisíveis,
começou a cair,
em gotas claras de cristal diluído,
o cloretil finíssimo da chuva...
enquanto, além, surgia lentamente
o pierrô sonâmbulo da noite
que trazia, nas suas mãos de veludo,
- para o carnaval do espaço -
o confete dourado das estrelas...

12 de fevereiro de 2009

A MAIS BELA DA HISTÓRIA

Audrey Hepburn foi escolhida a atriz mais bonita da história do cinema de Hollywood, segundo uma pesquisa publicada no Reino Unido. Foram definitivos para a escolha, de acordo com os entrevistados, "seu corpo e seus olhos amendoados". Sua beleza, considerada atemporal era uma “beleza cinematográfica, espetacular em movimento, e não só nas fotografias". O segundo lugar ficou com Angelina Jolie, e o terceiro ficou com Grace Kelly, musa de Alfred Hitchcock. O mais maravilhoso dos pódios.
A atriz nasceu Audrey Kathleen Ruston em Bruxelas, em 4 de maio de 1929 e morreu em Tolochenaz, no dia 20 de janeiro de 1993. Foi atriz, modelo e humanista, radicada entre Inglaterra e Holanda.
Quando da ocupação alemã, durante a 2ª Guerra Mundial, participou do esforço anti-nazista, período em que sofreu de má nutrição e depressão. Após a libertação da Holanda, Audrey foi estudar balé em Londres e, mais tarde, iniciou uma promissora carreira como modelo, até ser descoberta por um produtor, quando teve uma pequena participação no filme holandês "Nederlands in Zeven Lessen". Com uma cinebiografia imensa, abandonou temporariamente a carreira no cinema, em 1967, após o nascimento dos filhos, para voltar em Robin e Marian, em 1976, onde fez uma Lady Marian já na meia idade ao lado de Sean Conery no papel de Hobin Hood. Mais um filme essencial. Atuou até 1989, quando fez o papel de uma adorável receptora do além, no filme meia-boca Além da Eternidade, de Steven Spielberg. O filme vale pela cena em que ela corta os cabelos do récem-desencarnado personagem de Richard Dreyfus. Só mesmo Audrey para amenizar a certeza da morte.
Ao final de sua vida, nomeada embaixadora da UNICEF, trabalhou incansavelmente como voluntária para causas infantis. Hepburn falava francês, italiano, inglês, holandês e espanhol. No filme Bonequinha de Luxo, ela é mostrada tentando aprender português, e reclama do grande número de verbos irregulares. Ela diz: "A very complicated language, four thousand of irregular verbs", depois disso, tenta dizer "Eu acho que você está gostando do açougueiro". Tente imaginar a beleza da cena. Melhor, corra a uma locadora e alugue o filme, mas, assista com um babador.
Voltando à votação supra citada: atrás de Grace Kelly, os dois mil cinéfilos consultados escolheram a sensualidade de Marilyn Monroe e a elegância de Sophia Loren. As atrizes que completam a lista de rostos mais belos do cinema são Catherine Zeta-Jones, Elizabeth Taylor, Keira Knightley, Halle Berry, Brigitte Bardot, Julia Roberts, Vivien Leigh, Nicole Kidman, Cameron Diaz, Doris Day, Scarlett Johansson, Charlize Theron, Jennifer Aniston, Michelle Pfeiffer e Liv Tyler. A todas, minha humilde homenagem.

ESTÁ NA HORA DE APAGAR AS VELINHAS


"Quando eu passo em frente à casa dela eu me lembro, eu me lembro, do sabor que tem o beijo dela, eu me lembro, eu me lembro."
Feliz aniversário a José Domingos de Moraes, o Dominguinhos, parido em Garanhuns, Pernambuco, em 1941, cabra tão bom que, com 9 anos, conheceu Luiz Gonzaga, indo para o Rio de Janeiro e aos 13 ganhou do Rei do Baião uma sanfona de presente.
Já forrozei muito e cherei muito cangote cheiroso ao embalo de sua sanfona. Vou ouvir o seu cd Choro Chorado de 1994. Lindo! Chorinho ao som da sanfona. ( mais miolo de pote ).
Fot extraida da internet via http://www.altashoras.globo.com/.

ESTÁ NA HORA DE APAGAR AS VELINHAS 2


Hoje vou tomar uma, ouvindo e vendo o maravilhoso DVD Brasilatinidade ao Vivo, do senhor Martinho José Ferreira (Martinho da Vila) nascido em Duas Barras, Rio de Janeiro, em 12 de fevereiro de 1938. Não vou gastar meu tempo, nem o seu, inventando palavras para elogiar tão nobre figura. Se você gosta deste grande músico corra ao site oficial : http://www.martinhodavila.com.br/
Este site tem uma programação visual sensacional, gostosíssimo de navegar. Parabéns, Martinho, que eu aprendi a gostar ainda mais depois que fez uma música que é a cara do meu pai. "Já tive mulheres..."
A foto acima é da capa de seu primeiro Lp, de 1969.

11 de fevereiro de 2009

FELIZ LIBERDADE


No dia 11 de fevereiro de 1990, Nelson Mandela enfim, foi declarado homem livre, após 28 anos de prisão pelo governo branco da África do Sul. Fazem 18 anos que o mundo melhorou!

ETIQUETAS E CELULARES


Ninguém duvida que o avanço incansável da tecnologia nos dias vigentes, perpetra mudanças de comportamento e de relações sociais. Novas formas de relacionamento exigem novas regras de educação, novas normas de etiqueta social.
Bisbilhotar no celular ou na caixa de emails do companheiro ou do amigo é do ponto de vista da elegância, um crime sem perdão. Zapear no celular ou na caixa de emails de alguém só com convite formal.
Resolvi abordar esse tema quando me lembrei de ter visto anos atrás, um casal entrar em zona de atrito, num restaurante famoso, aqui na Loira do Sol, porque o mancebo aproveitou uma saída rápida da cocota que o acompanhava, para xeretar no celular cor-de-rosa da moça. Nada mais invasivo!
Um amigo, ainda na época do tijolão, o PT550 da Motorola, dizia em alto e bom som que sua amantíssima esposa não tinha seu aval para atender ou ligar de seu celular. É um objeto pessoal, dizia. E na época, eram ainda poucos os aparelhos.
Nesses tempos em que a nossa privacidade é um bem cada vez mais passível de derrota, vide o sucesso daquele programa líder de público, que passa atualmente na Vênus Platinada, é mister que procuremos de alguma forma, nos resguardar e resguardar os nossos pares.
Em tempo: não tenho a menor idéia de como terminou a noite do casal acima citado, mas ela deve ter percebido que o fuleiro era bisbilhoteiro e, por conseguinte um tremendo fuxiqueiro, ou fuxiquento, como se dizia na saudosa Felino Barroso.

5 de fevereiro de 2009

UM BELO SENHOR




Em 05 de fevereiro de 1921, portanto há exatos 88 anos, aconteceu a primeira apresentação de “O Garoto”, longametragem de Charles Chaplin (Londres, 16 de abril de 1889 – Corsier-sur-Vervey, 25 de dezembro de 1977).

Um filme básico e obrigatório para todo amante do cinema, conta a história de uma mãe solteira que abandona o filho, por não poder mantê-lo, e por ironias do destino a criança acaba encontrada por um vidraceiro fuleragem, como se diz aqui na Loira desposada do Sol. Daí para frente são risos e lágrimas e sua vida nunca mais será a mesma.

Inicialmente imaginado para ser um curta, acabou consumindo um ano de gravações e tem sua versão final com 88 minutos. Entre as várias cenas antológicas, duas particularmente mudaram a forma de se fazer cinema: o sonho do vagabundo, onde todas as pessoas são anjos e quando o os agentes do serviço social tentam tomar-lhe o garoto. Não dá para assistir sem ficar com um nó na garganta. Historiadores de cinema vêem referências autobiográficas no filme. Chaplin teve uma infância paupérrima. Posteriormente, em 1920,seu filho com Mildred Harris, morreu três dias após o nascimento. Acredito mesmo, que não se faz uma obra tão forte e tão universal, se não se coloca o coração nela. E o coração dele estava todinho ali. Nem tento imaginar o que Chaplin sentia e pensava nas horas em que ficava somente na companhia de seu travesseiro, durante o tempo que durou a filmagem.

Bem, caros amigos-leitores, não ficarei aqui, tentando inventar algo de inédito a escrever sobre esse ícone do século XX. Só me resta dizer, feliz aniversário, The Kid e obrigado por existir.

Mais miolo

4 de fevereiro de 2009

GOSTOSAS E PELADAS

Alguns assuntos, mesmo os mais corriqueiros das mesas de copo, quando suscitam opiniões totalmente antagônicas devem ser conduzidos de forma a não se perpetrar injúrias pessoais ou qualquer forma de agravo entre os debatedores. Esta semana presenciei um embate entre dois pródigos amigos da noite, o Boquita e o Taumá.
Boquita estava exultante com o parecer de um juiz, no Rio de Janeiro, que, segundo o seu entendimento, afirma categoricamente que a televisão serve basicamente para duas coisas: ver as gostosas do BBB e as peladas do campeonato carioca. E de posse deste salvoconduto imagina obrigar sua mulher a se dignar servi-lo na hora dos jogos de futebol e nas transmissões da “casa mais vigiada do Brasil”, de uma friinha com tiragosto, sem qualquer sintoma de desagrado.
Já o Taumá argumentava que o lar é o templo sacrossanto da família e que tais vilanias não deviam ser ali perpetradas. É o local onde criamos nossos filhos. No seu entender é desonroso para qualquer mulher, a visão do marido defronte da televisão da casa, babando pelas gostosas, dos BBBs da vida.
Boquita bravejava o direito inalienável, como ele mesmo falou, de todo macho, de admirar uma mulher bonita e uma boa partida de futebol. Aliás, homem que é homem tem obrigação de gostar disso. As esposas deveriam até agradecer, porque depois do marido ver aqueles mulherões quem é que aproveitaria? Elas mesmas. “A gente vai para a cama e crau! Aí todo mundo fica feliz.” Soltou uma gargalhada estrondosa!
Seu oponente argumentou que mulher não é descarrego das nossas tensões nem dos tesões guardados. “Sexo com ela é quando estou a fim dela e ela de mim.”
Nessa hora, o Boquita proferiu uma piada que não fica nada bem eu reproduzir, acompanhada de gestos igualmente reprováveis, o que levou o até então calmo Taumá meter-lhe uns tabefes nas fuças, de tal modo, que o chauvinista, depois que apareceu a turma do deixa - disso, foi para casa, tentar assistir ao BBB com um olho totalmente inchado.
Piada da noite, dos ficantes do bar: hoje, o Boquita vai ver só metade das gostosas, pois só tem um olho para enxergar
.

3 de fevereiro de 2009

UMA ESTRELA SOLITÁRIA


Você, meu inesquecível amigo Bessa, que já esteve na estação dos que ficam, pensando nos amados que partem, deve entender, agora que é passageiro do trem de ida, como nos sentimos.

Para te ver, te ouvir, a partir de agora, só na imaginação. Imagino você, sentado numa arquibancada celestial, bermudinha creme, camisa pólo listrada, boné do Botafogo, radinho de pilha, ouvindo a resenha do Saldanha, falando da mulher amada com o Vinícius, na alegria de ver os dribles do Garrincha, a folha seca do Didi, os gols do Heleno, tendo ainda a teu lado alvinegros como Clara Nunes, Nara Leão, Zacarias (Trapalhão), Fernando Sabino, Clarice Lispector, Otto Lara Resende, Juscelino Kubitscheck, Pepê, Sargenteli, Oswaldo Cruz...

Este pensamento, até infantil, me alivia a desdita de acordar sem poder ligar para você. Resta, agora, a necessidade de voltar a ser feliz, mesmo ficando menos fácil sorrir. Reacendestes em todos nós, felizardos amigos teus de vida, a chama do medo que existe no nosso desentendimento da morte.

Quando nossos pequenos perguntam sobre os que embarcam, normalmente dizemos que viraram estrelas. No seu caso, meu amigo, que já trazia o Botafogo no coração tão bom e tão frágil, virar estrela foi mais fácil.