3 de fevereiro de 2009

UMA ESTRELA SOLITÁRIA


Você, meu inesquecível amigo Bessa, que já esteve na estação dos que ficam, pensando nos amados que partem, deve entender, agora que é passageiro do trem de ida, como nos sentimos.

Para te ver, te ouvir, a partir de agora, só na imaginação. Imagino você, sentado numa arquibancada celestial, bermudinha creme, camisa pólo listrada, boné do Botafogo, radinho de pilha, ouvindo a resenha do Saldanha, falando da mulher amada com o Vinícius, na alegria de ver os dribles do Garrincha, a folha seca do Didi, os gols do Heleno, tendo ainda a teu lado alvinegros como Clara Nunes, Nara Leão, Zacarias (Trapalhão), Fernando Sabino, Clarice Lispector, Otto Lara Resende, Juscelino Kubitscheck, Pepê, Sargenteli, Oswaldo Cruz...

Este pensamento, até infantil, me alivia a desdita de acordar sem poder ligar para você. Resta, agora, a necessidade de voltar a ser feliz, mesmo ficando menos fácil sorrir. Reacendestes em todos nós, felizardos amigos teus de vida, a chama do medo que existe no nosso desentendimento da morte.

Quando nossos pequenos perguntam sobre os que embarcam, normalmente dizemos que viraram estrelas. No seu caso, meu amigo, que já trazia o Botafogo no coração tão bom e tão frágil, virar estrela foi mais fácil.

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