31 de março de 2009

LONGA VIDA A CLAPTON


Ontem, 30 de março, comemoramos mais uma primavera (64 anos) de um autêntico sobrevivente. Eric Patrick Clapton tinha, e fez, de tudo para “não vingar”. Só aos nove anos de idade, descobriu que sua ”irmã” era, na verdade, sua mãe. Filho não assumido de um romance passageiro entre sua mãe e um soldado americano, foi criado pelos avós, como filho.
Quando ganhou um violão aos treze anos, achou que não tinha jeito prá coisa, só não desistindo, porque a música era a única fuga de seus dramas internos. A isso, some-se a paixão que ele nutria pelo blues.
Meu primeiro contato com sua música foi lá pelos 72/73. Chegou às minhas mãos, via o troca-troca de discos que havia na época o bolachão duplo do Derek and The Dominoes: Layla And Assorted Love Songs. Eu, me convalescendo de uma viuvez dos Beatles, fiquei totalmente apaixonado por aquele som. Nada como um amor prá substituir outro. A partir daí, buscando em discos e revistas, cheguei aos Yardbirds (1963), Jonh Mayall & The Bluesbrakers (1965), Cream (1966).
John Mayall, um cara bem família, meio caretão, tentou dar a Clapton um sentido melhor à sua vida, já encharcada de drogas e álccol. Mas, você ser chamado de Deus –“Clapton is God”, nos metrôs de Londres- aos vinte anos e no auge da experimentação de drogas...
Peter Towshend, líder da banda The Who, batalha junto ao amigo para tirá-lo das drogas, realizando um concerto pro´-Clapton : o “Raimbow Concert” (1973).
Em 1976, quando entrei na Universidade, eu já estava totalmente siderado. Clapton, Hendrix, Doors e Joplin. Um pouco atrasado, mas, lembre-se, caro leitor, naquela época não havia internet. Importação de discos, só quando uma tia ou um amigo ia para a Europa ou Estados Unidos, e uma repressão filha dum militar, que controlava até o que a gente ouvia.
Meu amadurecimento coincide com notícias de seus dramas e revezes. Drogas, depressões, casamentos fracassados. Durante a década de 80, muito preocupado em batalhar meu espaço no mercado de trabalho, deixei um pouco de lado as revistas de música. Até porque estavam pop demais. Comprei em sebos vários discos usados. Gostei muito de Just One Night (duplo, ao vivo) e Bluesbrakers and Eric Clapton.
Em 91, morre seu filho Connor, de quatro anos, caindo de uma janela de apartamento.
Ressurge, mais uma vez, das cinzas em 1991 e 1992 com o cd duplo 24 Nights e o cd MTV Umplugged, vencedor do Grammy. Grava com o mestre B.B. King (Riding with The King), um disco sensacional. Em 2001, vou à cidade maravilhosa assistir a seu show no Sambódromo.
Depois, o disco Me and Mr. Johnson, com músicas de Robert Johnson, e o caseiro Back Home, onde Eric se mostra um homem feliz por estar em casa. Incluindo, no encarte, uma foto sua com a esposa e as tres filhas num quarto de criança. Em 2006, Road to Escondido, com J.J. Cale. Volta às origens.
Eric Clapton sobreviveu às drogas, aos casamentos fracassados, à bebida, à depressão. Hoje é um senhor bluesman, meio surdo, meio cego, o corpo combalido devido a tantos excessos. Suas preocupações atuais são sua família, sua música e o seu Crossroads Centre em Antígua, um Centro Internacional de Excelência para o tratamento dos efeitos do álcool e de outras drogas.
Longa vida a Eric Clapton (na quartinha).


Ouça/veja o DVD Crossroads Guitar Festival.
Leia Eric Clapton – A Autobiografia.

CHORA, PALHAÇO


Todos os palhaços do Brasil devem estar chorando a morte de Ankito. Nome artístico de Anchizes Pinto, considerado um dos cinco maiores nomes das chanchadas, esses maravilhosos filmes da década de 50.
De família circense, era filho do palhaço Faísca e sobrinho do famoso palhaço Piolim. Aos sete anos, Ankito estreou no palco de um circo como o palhaço Espoleta.
Atuou em shows no Cassino da Urca, como acrobata, ingressou no teatro, onde contracenou com Grande Otelo no show Bahia Mortal, participou do filme É fogo na roupa. Fez shows pelo Brasil com uma companhia de vedetes, em clubes e cinemas. Hoje, seria considerado um ator multimídea.
Com frequência, o ator era comparado a Oscarito, com quem nunca chegou a trabalhar. Ankito fez parceria com Grande Otelo em muitos filmes. Uma “dupla do barulho”, como se dizia naquela época.
Protagonizou 56 filmes, entre eles Três recutas, Marujo por acaso, Um candango na Belacap, Rei do movimento, O feijão é nosso, O grande pintor, Angu de caroço, O boca de ouro, Sai dessa recruta e Metido a bacana (reparou nos títulos sensacionais?)Fora da chanchada, participou dos filmes As cariocas, O Escorpião Escarlate e Beijo 2348/72.
Na televisão, fez parte do elenco da TV Tupi, da Record, da Bandeirantes e da Globo. N V~enus Platinada, além das participações nos humorísticos, fez parte do elenco de seis telenovelas. Participou da primeira versão do Sítio do Pica-pau Amarelo, onde fez os personagens Soldadinho de chumbo e o Curupira.
Ankito também trabalhou na séries Carga pesada, Amazônia - De Galvez a Chico Mendes, Sob nova direção e Engraçadinha, seus amores e seus pecados.
Atualmente era o personagem, Usinhor, do programa Zorra Total.
Ankito deixou a gente sem motivo para rir, aos 85 anos, 78 depois que Espoleta surgiu. Chorem palhaços, e hoje ao subir mo picadeiro, façam-nos rir mais do que o costume, pois precisamos de vocês.

27 de março de 2009

O PALHAÇO O QUE É...(2)

No dia 24 de março, quando coloquei um post sobre o trabalho do fotógrafo Jacques Antunes, sobre os circos de Fortaleza, não coloquei o sistema de compras do VCD. Pois aí vai: direto com ele, através do email jaxantunes@pop.com.br e/ou com Silêda (silkin@ig.com.br). Valor do VCD: R$10,00 fora a postagem (no caso de compra fora de Fortaleza).
Eu já tenho o meu.

TURMA DA PESADA


Morar em Basin City (HQ de Frank Miller) não é fácil. Basta dar uma olha nas meninas da "zona".

DIA MUNDIAL DO TEATRO


O dia mundial do teatro foi criado em 1961, pelo Instituto Internacional do Teatro (ITI), data da inauguração do Teatro das Nações, em Paris.
"Não só casamentos e funerais são espetáculos, mas também os rituais cotidianos que, por sua familiaridade, não nos chegam à consciência. Não só pompas, mas também o café da manhã e os bons-dias, tímidos namoros e grandes conflitos passionais, uma sessão do Senado ou uma reunião diplomática – tudo é teatro."

"Atores somos todos nós, e cidadão não é aquele que vive em sociedade: é aquele que a transforma!"

Augusto Boal

RESPEITÁVEL PÚBLICO...


O Dia do Circo, 27 de março, é uma homenagem ao palhaço brasileiro Piolin (foto), nascido em 1897, em Ribeirão Preto, São Paulo.
Considerado o pai de todos os palhaços, era dono de uma enorme criatividade cômica além de habilidoso ginasta e equilibrista.
Aposta-se que o circo nasceu na China. Lá, encontra-se pinturas de 5000 anos, com figuras de acrobatas, contorcionistas e equilibristas.
O Astley’s Amphitheatre, em 1770 cria a estrutura precursora do circo atual.
No Brasil, a história do circo está ligada à trajetória dos ciganos em nossa terra, fugidos das perseguições da Europa. Adaptaram-se ao ritmo das cidades brasileiras e exibiam seus talentos em montaria e ilusionismo nas festas populares, em fins do século XIX (na quartinha).
O novo circo é um movimento recente que adiciona às técnicas de circo tradicionais a influência de outras linguagens artísticas como a dança e o teatro,levando em conta que a música sempre fez parte da tradição circense.

26 de março de 2009

HOJE É QUINTA

Quinta-feira é dia de saborear a bebida, assim como sexta é dia de saborear os amigos.


RECEITA


OVOS CREMOSOS

02 pessoas

Ingredientes:
03 ovos
01 colher de sopa de requeijão
01 colher de sopa de creme de leite
Manteiga
Sal

Em fogo baixo, coloque primeiro a manteiga e, logo após, o requeijão. Com uma colher de pau, mexa, até ficar uma mistura homogênea. Acrescente o creme de leite e mexa novamente. Quando estiver tudo bem homogêneo, coloque sobre a pasta os ovos e o sal. Comece a mexer quando os ovos começarem a endurecer. Quando estiver pronto, coloque num prato e sirva.
Fica melhor se colocar uma pitada de ervas. Não aconselho orégano, pois dá um sabor que lembra pizza. Se quiser impressionar, um raminho de hortelã com fatias fininhas de tomate.
No café da manhã, fica arretado com torradas.

NO TOCA-FITAS DO MEU CARRO

O CD SIMPLIFIED foi gravado em 2005, ano em que o SIMPLY RED deu um show em Cuba no El Gran Teatro, e registrado em DVD (CUBA). Se você gosta do SR, vale a pena ver e ouvir o DVD. A chegada do Mick Hucknall no teatro é algo de interessantíssimo, pela simplicidade extrema. O teatro é lindo, a integração do grupo com os artistas cubanos é muito bacana.
Nota-se uma semelhança muito forte nas produções do show e do disco, tanto na escolha de músicas, como no andamento dos arranjos. O CD é acústico, com forte influência da música cubana. É muito gostoso ouvir Perfect Love, Holding Back the Years, More, Your Mirror, Fairground, com uma roupagem diferente daquela dos anos oitenta, com seus arranjos eletrônicos, mesclados com um soul balançante. Num dia de chuva como hoje, é um discão para se ouvir.
De preferência acompanhado.

25 de março de 2009

ARQUITETURA DA QUARTA

Observatório de Jantar Mantar, na cidade de Jaipur, na Índia, construído entre 1728 e 1734. (na quartinha)

FORTES EMOÇÕES

IMAGEM OBTIDA NA INTERNET
Paulo, um homem que viveu fortes emoções. Quem assistiu ao filme Eu te Amo (1981), de Arnaldo Jabor, se lembra do personagem vivido por Paulo César Pereio. O industrial falido, no início do filme, leva um chute na bunda de Bárbara, sua mulher, interpretada por ninguém mais ninguém menos que Vera Fischer.
Cena Um: o despachado, numa sala repleta de televisores com imagens de Bárbara, caído aos pés da Deusa, recebe como prêmio de consolação a calcinha que ela estava usando para sair de sua vida. Tamanha malvadeza!! Como se diz na Alencária, ela deixou o cabra todo quengado!
Ao mesmo tempo, Maria (Sônia Braga) é abandonada por Ulisses (Tarcisio Meira), que resolveu emboilar. E nisso, os destinos de Paulo e Maria se cruzam. Paulo leva Maria para casa e, a partir daí, temos diante dos olhos um festival de amores malucos, sexo e muita sacanagem a dois. Maria é um vulcão. Um Deus nos acuda. A paixão substituindo a dor. Prá que melhor? Tudo filmado em um enorme apartamento, com direito a vistas maravilhosas do Rio de Janeiro e toda tecnologia da época.
Cena 2: O casal tomando café da manhã. Começam brincadeiras de amantes. Sônia Braga nos brinda com o desfile mais sensual do cinema, de calcinha branca e salto saboreando bananas e uvas. Fetiche é isso. O resto é decoração. A estória se desenrola, com muito sexo, culpa e medo, como convém à maioria dos casais brasileiros, até o final feliz, tipo musical americano.
Emoções fortes: levar um pé na bunda de Vera Fischer e logo depois se enrabichar por Sônia Braga. Agora, emoção forte, viveu mesmo quem pôde ver tudo isso na tela grande.

24 de março de 2009

ÍCONE DA ESPERANÇA


Em 24 de março de 1949 foi apresentado ao mundo este desenho de Pablo Picasso, intitulado Paloma, para homenagear sua filha. Foi elaborado para o cartaz do Congresso Mundial da Paz, em Paris. A partir daí, a pomba virou referência mundial para retratar a paz. Tinha que ser o Picasso!

O PALHAÇO, O QUE É...

RESPEITÁVEL PÚBLICO!!!!!
A primeira vez que ouvi “in loco” esta inconfundível frase foi no Circo Mexicano, lá pelos 68/69, instalado numa área de praça ainda não urbanizada em frente à Igreja de N. S de Fátima, na av. Treze de Maio. Lembro-me do encantamento que a estrutura de lona me causou com todo aquele universo ainda meu desconhecido. Os trailers, caminhões, jaulas, elefantes, ciganas que liam nossos brilhantes futuros nas palmas das mãos.
Fui com meus dois irmãos à sessão do sábado à tarde, cada um com 200 cruzeiros para a merenda. Uma espiga de milho assado custou cem cruzeiros (Não sei como eu me lembro, mas eu me lembro). Palhaços, malabaristas, trapezistas, mágicos, domadores, globo da morte.
Depois veio o Circo Thiani, o Circo Garcia, o Orlando Orfei, com o espetáculo das Águas Dançantes, belíssima atração em que as fontes de água iluminadas acompanham o ritmo de sua música. (Na quartinha)

Como quase todo mundo, fui deixando a adultidade tomar conta da minha vida e o mundo, por sua vez, foi ficando mais tecnológico e menos amador, de forma que os circos de hoje são o Circo da China, o Cirque de Soleil, que a gente assiste em casa, via DVD. Mega-espetáculos lindos, maravilhosos, sem quaisquer falhas, que enchem nossos olhos e ouvidos de beleza. O profissionalismo e a tecnologia a serviço do nosso lazer.

Mas, o velho circo pobre a amador (de amor) ainda existe. O fotógrafo Jacques Antunes, apoiado pelo Edital de Incentivo à Fotografia da Prefeitura de Fortaleza, elaborou um VCD, Pessoal do Circo, com fotos suas tiradas de espetáculos circenses que tramitam pela periferia da Loura do Sol.
Registros belíssimos do dia-a-dia, quase sempre com poucos recursos, de dezesseis circos mambembes: Circo Alegria, Capucho Circo, Circo Educativo, Circo Gleise, Circo J. Gomes, Hingle Circo, London Circo, Circo Los Ribeiros, Circo Meridiano, Marlin Circo, Mirtes Circo, Circo do Motoka, Circo Neves, Circo Show, Tropical Circo, World Circo.
As montagens, os vendedores, os artistas, o público, as crianças. Principalmente as crianças. Todos focados pela visão poética do fotógrafo. Puro divertimento e delícia. Salve o Circo.
Valeu, Jacques.

16 de março de 2009

UM PARTO DE AMOR

Munira será mãe de duas crianças gêmeas, que vão nascer até a primeira semana de maio.
Adriana também será mãe das mesmas crianças.
Adriana carrega na barriga os óvulos fecundados que pertenciam a Munira.
Os bebês já têm nome: Eduardo e Ana Luísa.
Serão paridos e amamentados por Adriana, concebidos por Munira.
Munira ama Adriana,
Que ama Munira,
Que vai ser mãe
Dos filhos que Adriana parir.
Vão registrar os filhos com os sobrenomes das duas.
E o nome das duas mães.
Uma família, enfiim.
Amor. Sublime e estranho amor.

(na quartinha)

16 DE MARÇO - DIA DA NORMALISTA


Vestida de azul e branco
Trazendo um sorriso franco
No rostinho encantador
Minha linda normalista
Rapidamente conquista
Meu coração sem amor...

Trecho da canção Normalista de Benedito Lacerda e David Nasser, imortalizada por Nelson Gonçalves.
As alunas das Escolas Normais de todo o país sempre povoaram os sonhos de todo o marmanjo que se preza, nesta terra descoberta por Cabral. Desde os tempos de Adolfo Caminha, escritor nascido em Alencária, que em 1893, escreveu o romance A Normalista.
O romance relata as muitas tristezas e poucas alegrias de uma jovem que é entregue por seu pai ao padrinho, para criá-la. Ela é uma menina normal, que estuda, que tem uma amiga confidente, um pretenso namorado de nível muito superior ao seu e, desgraçadamente, é engravidada pelo padrinho e acaba casando-se com um alferes da polícia. A normalista Maria do Carmo é o pretexto para Adolfo Caminha apresentar aos leitores sua visão da Fortaleza de finzinho do século XIX. O mau humor para com a cidade é transparente, e costuma ser apontado pelos críticos e biógrafos de Adolfo Caminha como uma espécie de vingança: o autor jamais teria perdoado seus conterrâneos por estes lhe terem criticado os amores adúlteros e escancarados com a mulher de um colega.
Voltemos às moçoilas estudantes, com blusas brancas, saias com pregas, sapatos pretos com meinhas brancas, andando normalmente em grupos, levando os livros e cadernos junto ao peito. E tirando o sono de muito “cabra velho”!
Que o diga Nelson Rodrigues, em Os Sete Gatinhos, onde a doce Silene (Cristina Aché, no cinema) é alvo das investidas de Bibelô, um cara totalmente sem futuro, vivido por Antônio Fagundes. A menina-moça é seduzida pelo pilantra que imaginava-se o primeiro da fila, quando a pole position foi do próprio pai da garota.
Adolfo Caminha e Nelson Rodrigues à parte, isso exemplifica o quanto nosso machismo fantasiou e usou destas mulheres que na falta de direito ao acesso às universidades e à grande parte de empregos, tinham como quase que exclusivas as Escolas Normais para estudar. A partir daí, para a única profissão “digna” para uma boa moça: Professora. Nada contra as professoras, até porque não fosse as Donas Mirtôs da minha vida, eu não chegaria aonde cheguei. Nem eu, nem ninguém. Mas, esse universo é totalmente dessemelhante do mundo atual, onde o número de mulheres é praticamente igual ao de homens nos colégios e universidades e em vários campos de trabalho.
As advogadas, médicas, engenheiras, arquitetas, recém-formadas podem até estranhar o que estou dizendo, mas, é história. É fato! Ainda bem, que de um passado extinto.

11 de março de 2009

UM BELO FILME



Quando penso em filme tipo “Sessão da Tarde”, aqueles que saudamos seu final com um leve sorriso, me vem a imagem, ou as imagens, de Cantando na Chuva (1952).
Após receber um Oscar especial por "versatilidade como ator, cantor, diretor, e dançarino, e especialmente por sua brilhante contribuição à arte da coreografia no cinema", devida à sua participação em Sinfonia de Paris (1951), que logrou seis estatuetas do Oscar de 1952, o ator e coreógrafo Gene Kelly co-dirigiu este filme sem grandes pretensões, com o então diretor estreante Stanley Donen.
O enredo é simples, apenas uma leve sátira aos primeiros tempos do cinema. Don Lockwood (Gene Kelly) e Lina Lamont (Jean Hagen) são dois dos astros mais famosos da época do cinema mudo em Hollywood. Com a chegada do cinema falado, Don e Lina precisam superar as dificuldades do novo método de se fazer cinema, para conseguir manter a fama conquistada. A solução é fazer um musical, que é só um mote para os vários quadros de dança, que tornam esse filme um manjar para os olhos.
Personagens que marcam ainda o filme. A docinha Kathy Selden (Debbie Reynolds, então com dezoito aninhos), por quem Dom se apaixona. O brincalhão Cosmo Brown (Donald O’Connor), compositor e amigo de Don. A participação mais que especial da desnorteadora Cyd Charise. Os duos entre Gene e Cyd, ainda hoje mechem com meu coração. Imagino como foi na época. Depois daquelas pernas, a Sharom Stone teve que ir à delegacia sem calcinhas, no horrível Instinto Selvagem.
A sequência de Lina, que não sabia cantar, dublando a novata Kathy, é ótima. Para você, caro leitor, não espalhar por aí, que não falei de uma das mais clássicas do cinema, Gene cantando na chuva, após beijar Kathy: É para assistir de joelhos. Tudo isso sob a chancela do mega-produtor de musicais, Arthur Fred, responsável pela autoria de todas as músicas do filme.
Então, DVD ligado, pipoca com seu refrigerante preferido, pernas sobre o puff e um sorriso nos olhos.

ARQUITETURA DA QUARTA


CIDADE SUBTERRÂNEA DE DERINKUYU, EM CAPADÓCIA, TURQUIA

10 de março de 2009

MARYLIN QUE É MARÇO

Marilin Monroe, pop-art de Andy Warhol


PAPAI ME EMPRESTA O CARRO


Lucien Reis, supervisor de equipe de uma empresa de operação de marketing em Porto Alegre (RS) descobriu que Lucien Lima, divulgador da mesma empresa, é seu filho.
A descoberta começou com a coincidência dos nomes. Aí, papo vai, papo vem, mostra de fotografias antigas, conversa do filho com a mãe... Confirmou-se a suspeita.
Resumindo o causo: O Lucien pai namorou com a mãe do Lucien filho. Quando esta se descobriu grávida, decidiu cuidar do pequerrucho sozinha, mesmo amando o namorado. Razões que nós, homens não temos capacidade de entender.
Daí, anos depois, a verdade se revela. O pai nem pensa em fazer teste de DNA. Assumiu o filho barbudo, que já passou com ele o Natal e alguns dias de férias. O pai adotou o próprio filho de 22 anos.

Pense numa estória invocada!
O marido chega em casa extenuado após a labuta diária. A mulher toda docinha, pergunta:
- Alguma novidade do trabalho, amor?
- Sim. Tenho um filho, de 22 anos, que trabalha comigo.
Imagino o que não passou pela cabeça dela.

O que achei interessante, nesse acontecimento, foi a aparente alegria do encontro. Seria até fácil de se imaginar mágoas, ressentimentos, ranger de dentes.
Mas, algumas pessoas parecem que têm um espírito elevado. Ao invés de ficar reclamando, jogando praga, os dois resolveram se entender como poucas pessoas civilizadas.
Lembro de um amigo que numa madrugada de bares, colidiu seu “batmóvel” com outro carro de motorista igualmente boêmio. Ao invés de socos e tapas foram ao bar mais próximo discutir sobre a “barruada” e acabaram amigos.
Não pense você, que eu defendo o mix de carro e bebida. Prefiro deixar o carro em casa e sair de táxi. È muito melhor. O que quero dizer, no exemplo acima, é que quando se procura ver os acontecimentos do dia sob uma ótica diferente da desgraça, a vida fica mais leve. Quantas oportunidades se perdem numa cara amarrada, tipo “ninguém me ama”, o mundo não presta.
Às vezes me pego prestando atenção nos movimentos do Pequeno João. Quando recebe um não inesperado, seu emburramento não demora 20 segundos. A vida é muito rápida para se perder tempo com tristezas.
Meus parabéns Lucien, pai e filho (na quartinha).

9 de março de 2009

CANTE LÁ QUE EU CANTO CÁ


Festa em Serra de Santana, Assaré.
A casa onde nasceu Patativa do Assaré foi restaurada.
Vai ser o Museu do Poeta Agricultor.
Teve filho, teve neto.
Teve povo, teve político.
Teve discurso sob o sol, teve recitação de poesia.
Homenagem aos cem anos de nascimento
Do poeta agricultor,
Que trabalhava na enxada e na palavra.

Está em cartaz na Fortaleza, documentário sobre o poeta.
Filme de Rosemberg Cariri.(na quartinha)

AMOR NA GALERIA

Alexsandro Araújo, o Tigrão, é flanelina.
Pobre, não tem casa.
Mora a dez anos numa galeria pluvial.
Café da manhã, só se for de favor.
Almoço e jantar, com a féria do dia.
Quando chove forte, luta pra não ir junto com as águas.
A população sabe dele.
O Estado e a Prefeitura, também.
Até agora, nada se fez para minorar seu sofrimento.
Maria Fernanda morava com o filho, a mãe e o padastro numa casa.
Ama Alexsandro, que ama Maria Fernanda.
Desempregada, também virou flanelinha.
Hoje, mora com Alexsandro.
Na galeria.
Melhor com ele, na galeria
Do que sem ele, numa casa.
Amor, estranho e sublime amor. (na quartinha)

5 de março de 2009

3 de março de 2009

ALTERIDADE

O que é alteridade? É ser capaz de apreender o outro na plenitude da sua dignidade, dos seus direitos e, sobretudo, da sua diferença. Quanto menos alteridade existe nas relações pessoais e sociais, mais conflitos ocorrem. A nossa tendência é colonizar o outro, ou partir do princípio de que eu sei e ensino para ele.
Alteridade é um termo relativamente novo, tanto que nem o dicionário Aurélio o registra, mas seu significado reflete uma nova mentalidade, aquela que deveria vigorar na civilização que, certamente, transformaria a Terra num mundo de regeneração porque se refere à aceitação das diferenças; também significa a não-indiferença, o aprender com os diferentes, o amar ou ser responsável pelo outro, aceitando e respeitando as suas diferenças.
Palavra que representa, em sua profundidade, as leis cósmicas de convívio entre os seres.
Eu não existo sem o outro. Uma fala de Frei Betto sobre o assunto (mais do miolo).

2 de março de 2009

BARES E NAMOROS

Outra noite, entre uns petiscos de queijo de cabra com uma Devassa Loira comentou-se que o colóquio amoroso de uma amiga próxima, não podia “ir para a frente”, pois o jovem mancebo por quem ela está enamorada não perde uma rodada de copo toda sexta, num bar onde mulheres não são exatamente as mais bem-vindas. Ou seja, um boteco réi fulerage, cheio de macho, como se diz na Alencária.
Meus amiguins (de novo a Alencária). O fato de o rapaz freqüentar toda semana, um bar onde a quase totalidade da clientela é masculina não arranha em nada o namoro dos dois, até porque, é NAMORO e, portanto, é: namoração, galanteio, derriço, bredo, camote, cera, chamego, embeleco, grude, mormaço, paleio, prosa, sebo, sumbaré, tijolo, tribofe, xodó. (olha o Aurélio XXI aí, gente!).
Eu mesmo, freqüentei o Bar do Airton, quando ainda era um local onde os gentis homens se reuniam para fazer fuxico de homem, que é diferente do fuxico da mulher (não é pior, nem melhor, é diferente). Nessas horas de bares, os saudáveis freqüentadores deixam a vida passar com menos neurose, digerindo conversas que, na maioria das vezes, serão esquecidas no dia seguinte e que dizem respeito unicamente, ao universo masculino, da mesma forma que existem conversas que pertencem ao universo feminino. E não estou falando dessa coisa machista que mulher só fala de menino, empregada e novela. Existem momentos em que o homem quer falar com homem e mulher quer falar com mulher.
Não me venham com essa que homem e mulher são iguais, são farinhas do mesmo saco. São diferentes, e é por isso que é bom!
Mas, voltando à freqüência do senhorzinho ao boteco em questão. Que mal há em se gastar poucas horas de um dia, e são poucas mesmo, comparadas com as horas que passamos no trânsito, por exemplo, conversando com amigos de infância, mesmo que o tenhamos conhecido há quinze minutos? Acho até que é bastante salutar ao casal, ele se dar algumas horinhas de separação, até para criar um temperozinho de saudade na hora do “chega prá cá”. Qual mulher nunca recebeu aquele telefonema tarde da noite do amado, repleto juras de amor, que dificilmente seriam feitas, não fosse a junção do álcool com a saudade? E esse telefonema não terminou em sexo ao som de um bolero ou um samba canção? Vai me dizer que isso não é bom!
O problema passa a existir a partir do momento em que ir ao bar se torna um programa muito mais gostoso que se encontrar com a outra metade da laranja. Ou seja, a cara-metade não é mais tão cara-metade assim. Mas, isso é outro assunto.
Acho que nós, homens e mulheres devemos tomar cuidado não deixar que neuroses ancestrais queiram nos transformar em proprietários ao invés de amantes.
Ou como diz o doutor Tarcizio: “Prá se prender alguém, só com muita liberdade”.

O PAI DO PETER PAN


Muitas vezes me pego conhecendo, meio sem querer, figuras que de uma forma ou de outra marcaram minha vida. A mais recente dessas aparições maravilhosas foi o criador de Peter Pan. James Matthew Barrie nasceu em Kirremuir, Escócia, no ano de 1860, caçula de uma família de dez irmãos. De acordo com Andrew Birkin, autor do livro J. M. Barrie and the Lost Boys, a morte do segundo deles, David, que faleceu aos catorze anos, foi para a sua mãe "uma catástrofe inacreditável da qual ela nunca se recompôs... Margaret Ogilvy retirou conforto da noção que tendo David morrido tão jovem, permaneceria um rapaz para sempre. Barrie buscou nessa idéia sua inspiração".
Barrie saiu de sua casa aos treze anos, para estudar. Cursou a Dumfries Academy e a Universidade de Edinburgo. Depois de trabalhar como jornalista para o Nottingham Journal, mudou-se em 1885, para Londres. Seu primeiro trabalho notável foi a peça: "Auld Licht Idylls". Em 1894, casou-se com Mary Ansell, atriz de uma de suas peças. Já era conhecido na Inglaterra e Estados Unidos, pelas suas obras teatrais, quando escreveu "The Little White Bird", apresentando então a personagem do rapazinho vestido de verde que se recusa a crescer e permanece fiel à Terra do Nunca.
Barrie começou a escrever a história após conhecer os irmãos Llewellyn Davies e a mãe deles, a viúva Sylvia. Daí surgiu uma amizade e afinidade tão forte que quando Sylvia faleceu, Barrie ficou com a guarda de seus filhos, compartilhando a mesma com a avó das crianças.
"Peter Pan", a peça de teatro, foi escrita e representada pela primeira vez em 1904, e a ela se seguiram mais duas narrativas - "Peter Pan in Kensington Gardens" (1906) e "Peter and Wendy" (1911) - que marcaram a afirmação de J.M. Barrie como dramaturgo. Recebeu várias condecorações do governo britânico (entre as quais a Ordem de Mérito, em 1922) e exerceu o cargo de reitor-honorífico da Universidade de Edimburgo, de 1930 a 1937.
Quando morreu em 19 de julho de 1937, aos 77 anos, deixou os direitos de Peter Pan para um hospital infantil de Londres. Esses direitos tornaram-se públicos em 2007.
Peter Pan foi adaptado para teatro e cinema inúmeras vezes. Seguindo o exemplo da versão de palco original e também por razões práticas, Peter é na maioria das vezes mas não sempre representado por uma mulher adulta. A Paramount Pictures editou a primeira versão em filme de Peter Pan em 1942, protagonizado por Betty Bronson no papel de Peter e Ernst Torrence no papel de Capitão Gancho. Em 2000, a Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos classificou-o como sendo de importância cultural e escolheu-o para ser preservado no National Film Registry.
Em 5 de Fevereiro de 1953, a Disney lançou uma versão animada de Peter Pan. De fato, essa versão foi a que melhor homenageou o menino e lhe deu mais notoriedade mundial.
O filme Em Busca da Terra do Nunca, com Johnny Depp, baseado no livro de Andrew Birkin, retrata a história sobre como a peça "Peter Pan" foi criada, mostrando as relações entre James M. Barrie e os garotos Davies, desde o início até a realização da peça. Nos créditos do DVD, destaques para as falas de alguns mitos do cinema. Uma frase guardei , em particular : "Fique maduro, mas, não fique adulto" Dustin Hoffman. Ele deve saber o que fala.