16 de março de 2009

16 DE MARÇO - DIA DA NORMALISTA


Vestida de azul e branco
Trazendo um sorriso franco
No rostinho encantador
Minha linda normalista
Rapidamente conquista
Meu coração sem amor...

Trecho da canção Normalista de Benedito Lacerda e David Nasser, imortalizada por Nelson Gonçalves.
As alunas das Escolas Normais de todo o país sempre povoaram os sonhos de todo o marmanjo que se preza, nesta terra descoberta por Cabral. Desde os tempos de Adolfo Caminha, escritor nascido em Alencária, que em 1893, escreveu o romance A Normalista.
O romance relata as muitas tristezas e poucas alegrias de uma jovem que é entregue por seu pai ao padrinho, para criá-la. Ela é uma menina normal, que estuda, que tem uma amiga confidente, um pretenso namorado de nível muito superior ao seu e, desgraçadamente, é engravidada pelo padrinho e acaba casando-se com um alferes da polícia. A normalista Maria do Carmo é o pretexto para Adolfo Caminha apresentar aos leitores sua visão da Fortaleza de finzinho do século XIX. O mau humor para com a cidade é transparente, e costuma ser apontado pelos críticos e biógrafos de Adolfo Caminha como uma espécie de vingança: o autor jamais teria perdoado seus conterrâneos por estes lhe terem criticado os amores adúlteros e escancarados com a mulher de um colega.
Voltemos às moçoilas estudantes, com blusas brancas, saias com pregas, sapatos pretos com meinhas brancas, andando normalmente em grupos, levando os livros e cadernos junto ao peito. E tirando o sono de muito “cabra velho”!
Que o diga Nelson Rodrigues, em Os Sete Gatinhos, onde a doce Silene (Cristina Aché, no cinema) é alvo das investidas de Bibelô, um cara totalmente sem futuro, vivido por Antônio Fagundes. A menina-moça é seduzida pelo pilantra que imaginava-se o primeiro da fila, quando a pole position foi do próprio pai da garota.
Adolfo Caminha e Nelson Rodrigues à parte, isso exemplifica o quanto nosso machismo fantasiou e usou destas mulheres que na falta de direito ao acesso às universidades e à grande parte de empregos, tinham como quase que exclusivas as Escolas Normais para estudar. A partir daí, para a única profissão “digna” para uma boa moça: Professora. Nada contra as professoras, até porque não fosse as Donas Mirtôs da minha vida, eu não chegaria aonde cheguei. Nem eu, nem ninguém. Mas, esse universo é totalmente dessemelhante do mundo atual, onde o número de mulheres é praticamente igual ao de homens nos colégios e universidades e em vários campos de trabalho.
As advogadas, médicas, engenheiras, arquitetas, recém-formadas podem até estranhar o que estou dizendo, mas, é história. É fato! Ainda bem, que de um passado extinto.

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