19 de maio de 2009

MUSEU DO PASSADO RECENTE


"Quem mostrou a bunda em Caras jamais vai mostrar a cara em Bundas"...

Escarafunchando meus alfarrábios, em época de reforma em casa, deparei com alguns saudosos números da revista Bundas. Surgiu em junho de 1999, como um novo veículo considerado alternativo, fundado por Ziraldo e alguns amigos que fundaram o famoso Pasquim. Em uma entrevista ao portal Educacional, (na quartinha) Ziraldo, na época do lançamento da revista, dizia que Bundas estava surgindo para dizer que o país precisa dar mais valor a cabeça do que às nádegas, daí o nome irônico.
O principal objetivo da revista era se opor à revista Caras, que, segundo Spacca, um de seus colaboradores, é uma mídia que só mostra o faz-de-conta dos famosos. A revista chegou a criar até o Castelo de Bundas, satirizando o castelo onde a revista Caras recebe famosos para temporadas. Era semanal, e a principal maneira de expor suas idéias era através do humor. Seus articulistas e colunistas, ou colaboradores, quase sempre eram os mesmos, destacando: Aldir Blanc, Jaguar, Fausto Wolff, Sérgio Augusto, Reynaldo Jardim, Antônio Prata, Emir Sader, Moacir Werneck de Castro, Nataniel Jebão e Ana Bruno. Entre os cartunistas, além de Ziraldo, havia Amorin, Zeca Marvado, Redi, Guidacci, Ricardo Leite, Mariana Massarani, Nani, Miguel Paiva, André Barroso, Aliedo, J. Bosco, Leonardo, Luís Pimentel e Jean. Os editoriais eram escritos por Luís Fernando Veríssimo e traziam assuntos ligados a escândalos e corrupção no Brasil.

Ziraldo: “Bundas foi o resultado da nossa indignação política e social. Somos contra tudo isso que está aí, comportamentalmente. A revista se propunha a falar para as pessoas mais inteligentes deste país, para formadores de opinião, para as pessoas que não querem comprar feito, mas querem criar, decidir, escolher, repensar, refletir...”
A revista, que teve seus dois primeiros números esgotados no mesmo dia, durou pouco mais de 70 edições e foi veiculada por cerca de um ano e meio, até que a Editora Pererê Ltda., que a publicava, se afundou em dívidas.
"Não tinha dinheiro para poder continuar a publicar...o nome (Bundas) não foi assimilado pelo mercado publicitário. Eu achava que o público assimilaria o nome Bundas em pouco tempo, (...) Bundas não foi assimilada, não conseguiu sobreviver. Em um ano e meio de Bundas eu não consegui nenhum anúncio pago. Nenhum!"
Por fim, Ziraldo cita que além dos anunciantes, o nome Bundas também não passou muita credibilidade: "Eu liguei para a agência Reuters para comprar uma foto e a moça perguntou "pra que revista é?". Eu falei "é pra Bundas". E ela me disse "não trabalhamos com publicações desse tipo".(na quartinha)

Brevemente falarei de novo sobre o assunto.

3 comentários:

  1. Excelente! Uma pena tirarem a Bunda de nosso convívio.

    ResponderExcluir
  2. pô, paulão, essa lembrança doeu de tão boa.

    a bundas era gostosa de ser levada no sofá, na cama ou na rede. coisa que dificilmente se faria com a veja, a época e congêneres nos dias de hoje. a propósito, até hoje não sei qual é a da confusa piauí. desconfio que no eixo leblon-morumbi seja um sucesso.

    inté

    ResponderExcluir