4 de maio de 2009

DE IRERÊ PARA A BILLBOARD


Segundo o próprio Tom Zé, ele não sabe tocar, cantar, nem compor. O pior é que o Brasil cada vez mais careta, começou a creditar nisso e relegou o baiano de Irará a um ostracismo, que quase o fez desistir da carreira e se transformar em gerente de um posto de gasolina na Bahia. Por pouco o maluco, que ao lado de Caetano Veloso, Gilberto Gil e Gal Costa, formou a linha de frente baiana da Tropicália, em 1967, que contava ainda com o maestro Rogério Duprat, os Mutantes, Capinam e Torquato Neto, não nos deixou na saudade.

Autor de sucessos como São São Paulo; Augusta, Angélica e Consolação; Se o caso é chorar, em 1986, desiludido da carreira soube que seu disco Estudando o Samba, de 1976, foi comprado num sebo, por David Byrne, líder do Talking Heads, um dos maiores grupos pop dos anos oitenta, que encantou-se de cara com sua música. E Tom Zé virou Fênix. Depois de comer o pão que o diabo amassou, levando porta na cara de tudo quanto era de gravadora, em 1991 viu uma coletânea de sua obra chegar ao 10º lugar da parada de "world music" da "Billboard". Precisou um estrangeiro dizer para nós brasileiros, que aquele músico abandonado merecia ser mais ouvido.

E nós, graças ao David Byrne, aprendemos a reouvir o desconstrutor do samba, que continua o mesmo polêmico e irônico. 1990 pra cá, vale a pena conferir, no mínimo, The Hips of Tradition; Com Defeito de Fabricação; Jogos de Armar-Faça Você Mesmo e Estudando o Pagode.

Um comentário:

  1. Tom Zé é um daqueles poucos gênios da música. Escuto ele com frequência (até ontem a noite peguei-me cantarolando 3 ou 4 músicas dele) e tive a oportunidade de assistir a um de seus shows. Um show inesquecível.

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